domingo, 19 de setembro de 2010

Baptizar ou não

Hoje de manhã, no parque infantil, duas mães que eu conheço conversavam acerca do baptizado das filhas. Por que igreja ou paróquia tinham optado e porquê, a questão da burocracia, as exigências aos pais e padrinhos (baptismo, crisma...), etc.
Dei dois passos atrás, para não me incluirem na conversa. (É interessante como estes pequenos códigos funcionam socialmente de forma tão eficaz, sem que seja preciso, sequer, pensarmos no que estamos a fazer). Não baptizei os meus filhos porque não acredito na Igreja. Simples, não?
Mas não é assim tão simples. Há a importância (?) do ritual, que é social além de ser religioso, o significado que o baptismo tem para alguns familiares, sobretudo os avós das crianças, a festa que todos os amigos esperam, as conversas que não poderemos partilhar, as perguntas a que temos de responder, quando os nossos filhos percebem que não têm padrinhos. Tudo isso é muito mais importante do que simplesmente não baptizar porque não se tem fé à medida cristã.
Não é preciso ter, dizem os pais mais pragmáticos. Basta dizer que se tem! A questão é que baptizar é importante porque não faz mal nenhum a ninguém, além de que resolve uma série de problemas e não cria nenhum. E não querer ver isto é fazer questão de ser do contra, só para contrariar, para ser diferente.
Mas eu pergunto: haverá assim tão pouca gente como eu?
Pergunto aqui, sem que ninguém me ouça, claro. No parque infantil, demarquei-me discretamente da conversa. Porque, na verdade, não faço assim tanta questão de ser do contra...

3 comentários:

Luís Alves de Fraga disse...

O baptismo (em qualquer religião) sempre foi uma opção, contudo, entre nós, por força de tradições cuja explicação seria longa e descabida, tornou-se quase uma obrigação até aos anos anteriores a 1974. A Liberdade veio clarificar mais a capacidade de opção dos pais portugueses, torná-los mais verdadeiros e mais conscientes. Infelizmente, contudo, persistem os casos de mera ostentação e espectáculo mundano. Prefiro a verdade de consciência.

papel químico disse...

também tenho dois filhos "hereges" e muito felizes :)

Vida de Praia disse...

Sou crente, mas nunca baptizaria os meus filhos, se os tivesse - porque acho que cada um deve ter a liberdade de escolher por si. E respeito muito para além disso quem como tu é coerente: se não se acredita, não se baptiza.