Mal te conheci, como sabes, e confesso que me senti como uma intrusa no velório. A minha desculpa mais válida por lá ter ido era a Mafalda. Fui lá por ela, porque era tua amiga e porque gosto dela.
Mas não posso esconder que também lá fui por ti. Por causa destas lágrimas que teimam em sair cá para fora quando me lembro de ter almoçado contigo, da tua simpatia discreta, do teu futuro tão promissor.
Ao ver os teus pais e a tua avó, inconsoláveis na dor daquele absurdo de estarem a contemplar o filho tão novo morto porque assim o entendeu, não pude deixar de te censurar. Sei que não devo, nem posso. Mas estou zangada contigo pelo que lhes roubaste. Imagino o que sentiria se um dos meus filhos tomasse um dia a mesma decisão e não me imagino a ser capaz de lhe perdoar. É o nosso egoísmo, acho eu, o dos que ficam, a tentar disfarçar-se por trás do vosso - o dos que partem.
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