A amizade não é uma intenção declarada, acontece.
Por isso, é prudente desconfiar de certas pessoas que se dizem nossas amigas, mesmo quando elas o dizem com toda a convicção de que são capazes. As pessoas interesseiras não são todas dissimuladas e intencionalmente falsas, podem ser almas suficientemente ardilosas para se enganarem a si próprias e acreditarem piamente que são boas amigas, mesmo quando os seus actos contradizem as suas palavras. Uma coisa é certa: a amizade não se coaduna com certos tipos de personalidade. Pessoas que não olham a meios para atingir os fins, por exemplo, tendem a ser más amigas, porque a amizade lhes faz exigências às quais elas não estão dispostas a obedecer.
Por isso, é prudente desconfiar de certas pessoas que se dizem nossas amigas, mesmo quando elas o dizem com toda a convicção de que são capazes. As pessoas interesseiras não são todas dissimuladas e intencionalmente falsas, podem ser almas suficientemente ardilosas para se enganarem a si próprias e acreditarem piamente que são boas amigas, mesmo quando os seus actos contradizem as suas palavras. Uma coisa é certa: a amizade não se coaduna com certos tipos de personalidade. Pessoas que não olham a meios para atingir os fins, por exemplo, tendem a ser más amigas, porque a amizade lhes faz exigências às quais elas não estão dispostas a obedecer.
A amizade não é uma espécie de maquilhagem que se
usa nas ocasiões em que queremos fazer boa figura, mesmo que seja só perante
nós próprios. É um impulso ético permanente, que nos submete e nos conduz em
todas as circunstâncias, sem interrupções, sem controlo, sem tréguas, mesmo
contra o bom senso e o instinto de sobrevivência. A amizade é igual ao amor em
tudo menos no desejo sexual. Por isso, quem é verdadeiramente amigo não é amigo
só quando a amizade serve os seus interesses, tal como quem ama não pode evitar
amar, mesmo quando o amor causa sofrimento ou leva a cometer actos que põem em
risco a própria vida, em nome da vida do outro.
A amizade não manipula nem modifica, aceita.
Aceita porque gosta e aceita mesmo quando não gosta. Aceita em nome da própria
amizade, mas sobretudo em nome do respeito pelo outro que a amizade
necessariamente exige. Aceita o que lhe convém e o que não lhe convém, claro.
Aliás, faz questão de aceitar o que não lhe convém, precisamente porque é mais
difícil, porque é nesse desafio que reside o segredo da amizade que se preza,
que é incondicional. É ponto de honra para a amizade aceitar e respeitar o que
não gosta no outro, pois nessa aceitação e nesse respeito reside o desafio à
sua integridade. É através desse desafio que a amizade se coloca a si própria à
prova, para se mostrar o que vale. Mas aceitar não é fingir que se gosta de
tudo, nem ignorar o que no outro precisa de ser melhorado. É dar-lhe a mão e
oferecer apoio para tentarem mudar juntos o que for preciso.
A amizade
não tem segredos, embora possa ser pautada por espaços vazios, que no entanto
há sempre disponibilidade para preencher, por silêncios aguardando
tranquilamente pelo momento oportuno para serem convertidos em diálogo, por
mistérios à espera da ocasião certa para serem desvendados. As pessoas que se dizem
amigas sem verdadeiramente o serem, porque estão demasiado ocupadas em chegar a
algum lado ou em atingir um objectivo, acabam por precisar, mais tarde ou mais cedo, de esconder, de mentir, de iludir as outras, incluindo aquelas de quem se consideram amigas, porque têm interesses mais altos a considerar.
A amizade não aproveita nem usa o que é do outro,
para proveito próprio. Quando de facto quer valorizar o outro perante o mundo,
questiona-se primeiro se nesse gesto não estará a esconder uma intenção
egoísta. Depois, certifica-se de que o outro pretende, de facto, ser valorizado
dessa forma, perante o mundo. Finalmente, se for esse o caso, fá-lo da forma
mais adequada e justa, sem se valorizar a si própria enquanto motor ou veículo
dessa valorização.
A amizade não é, obviamente, para todos. É só para
quem quer. É só para quem pode. É só para quem sabe.
1 comentário:
Obrigada pela tua amizade. E pelos pensamentos que aqui deixaste sobre a amizade. Fazem lembrar o celebrado hino ao amor de 1. Coríntios 13:
«Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei.
Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimadose não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.
[...] Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.» :-)
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