No hospital há pessoas que trabalham, pessoas que descansam, pessoas que nascem, pessoas que riem, pessoas que sofrem, pessoas que deixam de sofrer e pessoas que morrem. O hospital é um pequeno mundo, um microcosmos. Só lá falta, mesmo, a natureza animal e vegetal. É um habitat estritamente humano, saturado de humanidade.
No hospital nasci, ao hospital fui ser operada, no hospital tive os meus filhos. Mas não quero morrer assim, numa cama estranha, vestida apenas com uma bata que me deixa as costas descobertas, rodeada de tubos, com agulhas espetadas, ao lado de uma pessoa desconhecida, com saudades da minha casa, do meu ambiente, da minha gente. E se um dia ficar doente, tão mal que já só tenha remédio - por mais uns dias - num hospital, só espero ter a coragem de pôr termo à vida que me resta, para que ninguém possa dizer: «a da cama 34 já se foi».
1 comentário:
Dizia a Povo, quando eu era garoto: «Mal por mal, antes na prisão do que no hospital».
Não sei!
O hospital é um lugar de esperança. Também de morte, também de vida, também de sofrimento, também de alegria.
A frieza de quem trabalha no hospital é a couraça necessária para não morrer quando morrem as esperanças, contudo, é gente de grande coração que também sofre de stress pós-traumático. Para não começarem cedo a sofrer, desprendidamente anunciam a morte do doente da cama 34.
E, depois, há que ter presente que, antes, morre-se por dentro para só depois se fechar os olhos e morrer por e para fora!
A Medicina ajuda a bem morrer...
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