Falam. Falam constantemente, como se o que têm para dizer fosse um torrente, um rio que tem de correr livremente, porque existe e pronto. Não há como contê-lo.
Falam incessante e continuamente. Ou quase - porque param de vez em quando para respirar.
E eu falo por cima deles, que outra coisa posso fazer?
Vou falando, como posso, cansando-me desnecessariamente.
E não serve, como sistema, porque é desgastante e contraproducente.
Todos os anos chego à óbvia conclusão de que é preciso reagir de outra maneira, impor-me, dar-me ao respeito.
Mas não sou uma vítima das circunstâncias.
Sou cúmplice, conivente. Falho porque não dou uma resposta satisfatória à situação e falho ainda porque aquilo que eu digo não é suficientemente interessante para lhes prender a atenção, para os calar. É uma seca. Sou uma seca. É o que concluo: e acabo mais cansada de mim do que deles.
O que vale é que esta, ao contrário das reais, acaba quando chega o Verão!
2 comentários:
Compreendo-a muito bem.
É um mal que se está a agravar de ano para ano em todo o lado e com toda a gente que tem as nossas responsabilidades. Não se culpe, culpe-os. Eles são os culpados e o sistema que os gerou diferentes dos de há dez anos. Porque o sistema foi, subversivamente, alterado.
O Verão está à porta.
Já experimentou falar baixinho?
Por vezes dá muito resultado.
Fala a experiência...
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