quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Provas, para que vos quero?


É difícil descrever a sensação, essencialmente má, que me acometeu quando abri a caixa que continha as provas do meu novo livro.
Ao folhear as duzentas e tal páginas cheias de texto escrito por mim, senti um aperto cá dentro, um mal-estar esquisito, uma ansiedade que me deixou quase zonza. Apeteceu-me enfiar tudo dentro da caixa rapidamente, fugir, tudo menos olhar para aquela verborreia que um destes dias há de estar à venda por aí. Fui assolada por uma espécie de arrependimento misturado com pavor, tanto mais estranho quanto me é difícil - se não impossível - explicar o motivo de tal sentimento. Não queria eu tanto, tanto, escrever e publicar este livro? Não me deu tanto gosto escrevê-lo? Não me senti orgulhosa do resultado, quando o terminei? Então porquê, agora, esta renegação?

1 comentário:

Fernando Vouga disse...

Penso que acontece a todos. Talvez os idiotas não sofram desse mal...