A relação continua difícil com a minha avó. Fere-me com palavras desagradáveis encapotadas em cortesia.
Ofereço-lhe um queijo num pequeno cabaz de Natal e ela não é capaz de agradecer ou demonstrar satisfação, apesar de eu saber que adora quejo. Em vez disso, apressa-se a desmanchar o prazer: «queijo é coisa que tenho sempre cá em casa.»
«Ainda bem!» respondo-lhe com mal disfarçada irritação, valendo-me do facto de ela ouvir mal para poder gritar bem alto: «Ainda bem!».
Inesperadamente, ontem resolveu oferecer-me um prato que era do pai dela. Que não tinha outro valor senão o da idade, que era vidro antigo, mas não era cristal. Agradeci, a sério.
Mas quando estava a tirar os sacos do carro, ao chegar a casa, caiu-me ao chão e esfanicou-se em mil pedaços. De tantos sacos que segurei ao mesmo tempo, logo fui deixar escapar aquele...
Há coisas que parece que estão destinadas a acontecer!
2 comentários:
Sim, foi o destino ;-)
Compreendo-te, creio; há pessoas orgulhosas demais para agradecer uma gentileza ou demonstrar qualquer carinho. A tragédia é quando é suposto serem-nos algo, não é?...
Tenta perdoar-lhe, mesmo que continue a irritar-te. É um acto de vontade, o perdão, que só faz bem a quem o pratica, mais do que à pessoa a quem se dirige. Tenho aprendido isso, duramente à minha custa.
(Falo do perdão à tua avó, não ao prato... lol. Paz à alma do prato. :))
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